terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Poesia de Desocupados



Morava eu por longas horas em doce colchão
com meus sonhos cobertos de jujubas e chantili
Quando aquele pequeno ser grávido de duas pilhas AA
começou a berrar nos meus ouvidos
pedindo um tapa, um bofetão

Coloquei-me em posição vertical
descontando poucos graus de minha coluna enferma
dentro de mim a fome era tamanha
que o vácuo em meu estômago
levou meu coração próximo a minhas entranhas

Como quem vai a caça
matei seis laranjas em meu copo
e um pobre pão fiz em dois
enfeitando com queijos e patês
devorando sem piedade até a fome se render

Era um dia ao gosto das bruxas
banhado em choro de anjos
o céu fingia não saber
a chegada das cores na TV

A TV também parecia desistir de tudo
Talvez estivesse dormindo
ou tenho um sonho recorrente
cheio de produtos inutéis e caros
que parecem mais fundamentais
a cada repetição

O dia me cochichava baixinho
Que nada ali se tinha pra ver
Que era um dia tolo e vazio
Um daqueles que eu poderia esquecer

Ouvi a cama cantarolando arteira
entre risos e possíveis afagos
me convidando, falando de saudade
Eu como uma criança obedeci
sem culpa alguma, pelos meus atos

Resumo


Eu estava dormindo
tocou o despertador
eu levantei, estava com muita fome
tomei um suco e um pão
Mas o dia estava feio,
chovendo e o céu estava cinza
Na TV só programas repetidos
e comerciais
Voltei para a cama.

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