quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Um Fora



Lia eu um gibi antigo do Zé Carioca (de 1990) antes de dormir, adoro ver os anúncios antigos. Esse aí em cima é de um quarto todo do rei Leão, na época em que esse gibi era novo eu tinha 8 anos e sonhava em ter um desses quartos, tinha um dos 1001 dálmatas que era maravilhoso. Muitos anos se passaram e não tive um quarto como esses, mas mantive o hábito de ficar admirando o modelo no gibi.
Uma noite dessas quando olhava esse aí mesmo, comecei a comentar com o Emerson que rei Leão não era um bom tema, que era de mal gosto decorar o quarto de seu filho com uma história tão trágica onde o pai do pobre leãozinho morre.Essas coisas ficam grudadas no pensamento da gente, foi então que lembrei do quarto do Angelo, santa hipocresia a minha... Sabe a história dessa personagem?

Subjetivo versus Objetivo


Sempre humanizei as coisas. Dou caracteristicas humanas a qualquer objeto, planta, comida.Um dos motivos de eu não ser vegetariana e que posso criar tanta empatia por uma alface quanto por um boi. Não gosto de jogar bonecos fora, tenho pena, imagino como estão se sentindo. Não gosto de jogar comida fora, fico pensando em quão mal está se sentindo aquela maçã na fruteira que ninguém quer comer, rejeitada, triste, sozinha.

Imagino uma personalidade e sexo para cada cor, o preto, azul, cinza, bege, amarelo e marrom são homens. O rosa, roxo, vermelho laranja e verde são mulheres. Faço isso desde criança e para mim é algo completamente inevitável, natural. Mas as pessoas não são todas iguais, claro.

Meu filho que tem uma linha de pensamento mais racional, é um menino com a mente direcionada para as exatas, naturalmente desde pequeno, para ele letras são letras, números são números, cores são cores, não tem muito espaço para poesia e a arte, a subjetividade. Eu estranho tanto...

Hoje quando eu lavava a louça, a faca que para mim é o marido, o garfo que é a esposa, e a
colher que é a gordinha simpática e solteirona, comecei a pensar nos números. Para mim o
cinco é o melhor número, ele é um rapaz gordinho e sorridente.

No meio a esses corriqueiros pensamentos inúteis, parei para pensar como o Angelo responderia a uma pergunta subjetiva dessas, com seus cinco anos ele pode ter uma visão criativa e divertida da personalidade dos números.

Eu o chamei na cozinha e perguntei:
- Qual o número de zero a nove, que você acha que é o mais feliz?
Ele respondeu rápido:
- O sete!
Pensei rindo que deveria ser pelo tracinho do sete que lembra um sorriso. Em seguida perguntei:
- E por quê o sete?
Ele respondeu ligeiro novamente:
- Por que o sete é igual o F de feliz, só que virado para o outro lado.

(...) Que seja um bom engenheiro.

Pesquisas




Na minha adolescência, não gostava de responder pesquisas.No caminho para o colégio, as
vezes tinha mulheres com pranchetas, eu e minhas amigas sempre davamos a volta, fugindo
delas. Quando elas conseguiam nos pegar... Faziam algumas perguntas e no final ofereciam, um
curso de inglês, computacão, com um "super" desconto... A abordagem das tais mulheres de
prancheta é sempre parecida, uma pergunta que a resposta tem que ser sim. Quer ganhar um
carro? Quer ganhar 5 mil reais? Se você falar que sim, pronto, foi laçado, elas não soltam mais.


Também tem pesquisas que você não recebe nada, costumam ser mais curtas e tentam te faze
sentir importantes, como a de simulação de voto, já participei dessas também.
Tem aquelas que vem a sua porta, já fiz uma que era chata, demorada e a pesquisadora me
induzia para responder o que ela precisava, o prêmio era uma raspadinha que podia ter não
lembro quantos mil reais, (duvido muito que alguma raspadinha era mesmo premiada) e um
brinde surpreza no final: um bloquinho de papel e uma caneta. Perdi a tarde por um bloquinho
e uma caneta.
Por mais que queira parar de cair nessas, acabo caindo, tem um pouco de esperança que me
faz por instantes acreditar que vou ganhar alguma coisa boa.

Algumas vezes umas pesquisadoras vieram me fazer perguntas, o pagamento era uns 50 reais.
Por ser um prêmio mais realista achei que podia ser verdade, respondi a pesquisa
sócio-economica e claro, não estou no perfil para participar.
Isso sempre acontece, parece que tenho que ter uma renda de mais de 3 mil reais para
responder uma pesquisa que pague 50 reais... Mas aí eu não precisaria de 50 reais né? Só dão
dinheiro pra rico, pobre faz tudo de graça, de favor.Ou não tinha pesquisa nenhuma, era só a
sócio-economica mesmo, e a mulher fala a mesma coisa para todos, só para convencer.

Agora tem pesquisas online, remuneradas, vc responde em casa, pelo computador e ganha
dinheiro por pesquisa, mandam o dinheiro pelo correio. Achei ótimo para minhas tardes
desocupadas, me cadastrei, fiquei cerca de um mês cadastrada, respondi umas vinte pesquisas,
adivinhem quanto ganhei?! Nada. Nem um real, novamente dizem que não tenho o perfil
desejado. Já me descadastrei, mas sou uma trouxa, vou sempre acabar caindo nessas furadas.

Não Gosto

Não gosto de crianças
Não gosto de cachorrinhos
Não gosto de negros
Não gosto de loiras
Não gosto de atores
Não gosto de motoqueiros
Não gosto de caminhoneiros
Não gosto de vendedores
Não gosto de estrageiros
Não gosto de cariocas
Não gosto de vizinhos
Não gosto de parentes
Não gosto de professores
Não gosto de bagunceiros
Não gosto de certinhos
Não gosto de japoneses
Não gosto de brancos
Não gosto de bebês fofinhos
Não gosto de frentistas
Não gosto de mendigos
Não gosto de ricos
Não gosto de gatinhos
Não gosto de jornalistas
Não gosto de maldosos
Não gosto de bonzinhos
Não gosto de doutores
Não gosto de famosos
Não gosto de adultos
Não gosto de morenas
Não gosto de velhinhos
Não gosto de cozinheiras
Não gosto de espíritas
Não gosto de católicos
Não gosto de evangélicos
Não gosto de budistas
Não gosto de músicos
Não gosto de pintores
Não gosto de gordos
Não gosto de baixinhos
Não gosto de adolescentes
Não gosto de magrelos
Não gosto de alienados
Não gosto de intrometidos

Gosto de ALGUMAS crianças
Gosto de ALGUNS gatinhos
Gosto de ALGUNS músicos
Gosto de ALGUNS intrometidos

Dizer que gosto de todos de qualquer um desses
É mais preconceituoso quanto dizer que não gosto

Antes de conhecer não posso dizer

Alguns desses gosto mais, outros menos
Por obra do acaso

Confira agora os números do sorteio parcial

Ensino o Angelo as coisas como são, ele nunca acreditou em papai noel, coelhinho da páscoa, fadas, monstros ou qualquer um desses. Algumas pessoas acham crueldade, eu acho correto, ele ainda vai sentar no colo do papai noel do shopping e ganhar balas, só que ele sabe que é um moço fantasiado.

Crianças confiam nos pais e acho sacanagem tirar vantagem disso, quando ele era menor ele achava que as árvores que faziam vento, ele as via balançar quando ventava e concluiu que era assim, eu me diverti mas depois expliquei como realmente era, ele não sabia que cachorros faziam cocô e xixi no chão, o dia que eu expliquei ele ficou horrorizado.

Mas tem uma coisa que eu sacaniei ele, desde pequenininho e ainda não desmenti, por que acho muito engraçado e espero que um dia ele se toque sozinho, uma coisinha só, não resisti...

Quando ele era bem pequeno e estava aprendendo a contar passou o comercial da tele-sena.
"De hora em hora o SBT informa os números da tele-sena" e o moço começava a ler os números da tela : 1,7,11,12,13,19,21,34...
Um dia disse para o Angelo brincando: "esse cara conta tudo errado!"Ele concordou e até hoje quando ele houve o comercial da tele-sena ele vem repreender o moço, tentando muita vezes consertar em voz alta : 1,2,3,4,5,6,7,8...

O Perspicaz

Costumo levar o Angelo para peças infantis que acontecem no teatro da biblioteca a poucos
quarteirões da "minha" casa. As peças costumam ser muito gostosas e são de graça!
A quem interessar:

http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bibliotecas/bibliotecas_bairro/bi
bliotecas_a_l/hanschristianandersen/index.php?p=149

Pois bem, em um dia desses estavamos na platéia, cheia de gente se acomodando para a peça
que estava quase para começar, quando um menininho de uns 3 anos, cabelinho tipo tigela e
óculos grossos vira para trás e começa a olhar admirado as pessoas que estavam nas fileiras de trás.
Eu fiquei reparando como ele olhava admirado e o quê, o quê poderia estar vendo de tão interessante, quando ele faz o seguinte comentario: - Olha mãe o teatro está cheio de...
(breve pausa) ...mães!

Os Apertados


Estava eu, o Emerson e O Angelo fazendo nossa rotineira compra no Carrefour, quando quase
na hora de passar no caixa, o Angelo quis ir ao banheiro. Até então tudo normal, as
chances dele ficar apertado no meio das compras eu diria que são de aproximadamente 64%.

Para quem não tem criança pequena (<7), ou já se esqueceu, criança não pode esperar muito, eles
ficam apertados derrepente, do nada, e não um pouco, mas super apertadas.

Deixei o Emerson dentro do mercado e fui até o banheiro com o Angelo, levei ele até a
porta do banheiro masculino, por que ele não vai mais no banheiro feminino comigo a algum
tempo, não por minha culpa, ele que faz questão de respeitar as plaquinhas.

Chegando a porta do banheiro feminino chegava possivel imagem no mundo bizarro do super homem:
Um pai e sua pequena filhinha que muito apertada, não queria ir no banheiro masculino com o pai.

Ele ficou lá parado em frente a porta comigo, esperando. Eu sorri e disse: - É duro quando nasce
invertido né? (Sim frase péssima, mas fazia sentido), e não resisti a comentar tamanha
conhecidência .

Nisso, a menina veio na porta, reclamar para o pai que não estava alcançando o protetor de
vaso, enquanto o pai se controlava para não entrar no banheiro feminino para ajudar a
pequena, no mesmo instante o Angelo veo a porta reclamar para mim que não alcançava... O pai
interrompeu, e me perguntou vamos trocar? Eu concordei e rápidamente fomos ajudá-los a
alcançar as coisas e se virarem em um banheiro feito para adultos.

Conversei com a menina, que disse que ia acampar com a escola e tals, ajudei ela a lavar as mãos e na porta troquei-a novamente pelo meu filho. Agradeci, sugeri que fizessemos isso mais vezes, me despedi e voltei as compras.